E. E. E
.F. DAVID CANABARRO
ATIVIDADE:
Aula programada DATA:
06/04/2020
DISCIPLINA:
Língua Portuguesa PROFESSORA: Tania
Mara dos Santos Vargas
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Vamos
relembrar:
TEXTO
NARRATIVO: Conta uma história. Narra os fatos que aconteceram com alguém, em
algum momento e em determinado lugar.
Como exemplos de textos narrativos,
podemos citar o romance, o conto, a novela, a crônica, a fábula, o relato, a
carta pessoal, o diário, a notícia etc.
Na aula de hoje você vai ler duas crônicas
e, depois de comentar um pouco sobre elas, irá estudá-las mais de perto.
CRÔNICA 1
Cerca de 30 mil crianças e adolescentes fogem todo ano no
Brasil. Oitenta por cento voltam para casa. Dificuldades com a família e busca
de independência são as causas mais frequentes das fugas. A volta é acompanhada
de arrependimento.
A
volta do filho pródigo
Meus pais
não me compreendem, ele pensava sempre. As brigas, em casa, eram frequentes. Os
pais reclamavam do som muito alto, das roupas estranhas, das tatuagens.
Revoltado, decidiu fugir de casa. Sabia que, para seus velhos, aquilo seria uma
dura prova: afinal, ele era filho único. Mas estava na hora de mostrar que não
era mais criança. Estava na hora de dar a eles uma lição. Botou algumas coisas
na mochila e, uma madrugada, deixou o apartamento. Tomou um ônibus e foi para
uma cidade distante, onde tinha amigos.
Ali ficou
por vários meses. Não foi uma experiência gratificante, longe disso. Os amigos
só o ajudaram na primeira semana. Depois disso ficou entregue à própria sorte.
Teve de trabalhar como ajudante de cozinha, morava num barraco, foi assaltado
várias vezes, até fome passou. Finalmente resolveu voltar. Mandou um e-mail, dizendo que estaria em casa daí a
dois dias. E, lembrando que a mãe era uma grande leitora da Bíblia, assinou-se
como “Filho Pródigo”.
Chegou de
noite, cansado, e foi direto para o prédio onde morava. Como já não tinha a
chave do apartamento, bateu à porta. E aí a surpresa, a terrível surpresa.
O homem que
estava ali não era seu pai. Na verdade, ele nem sequer o conhecia. Mas o
simpático senhor sabia quem era ele: você deve ser o Fábio, disse, e convidou-o
a entrar. Explicou que tinha comprado o apartamento em uma imobiliária:
- Seus pais
não moram mais aqui. Eles se separaram.
A causa da
separação tinha sido exatamente a fuga do Fábio:
- Depois
que você foi embora, eles começaram a brigar, um responsabilizando o outro por
sua fuga. Terminaram se separando. Seu pai foi para o exterior. De sua mãe, não
sei. Parece que também mudou de cidade, mas não sei qual.
Fábio não
aguentou mais: caiu em prantos. O homem se aproximou dele, abraçou-o. Entre
aqui no seu antigo quarto, disse, tenho uma coisa para lhe mostrar. Ainda
soluçando, Fábio entrou. E ali estavam, claro, o pai e a mãe, ambos rindo e
chorando ao mesmo tempo. Tinha sido tudo uma encenação. Abraçaram-se, Fábio
jurando que nunca mais sairia de casa.
A verdade,
porém, é que não gostou da brincadeira, mesmo que ela tenha lhe ensinado muita
coisa. Os pais, ele acha, não podiam ter feito aquilo. Se fizeram, é por uma
única razão: não o compreendem. Um dia, ele terá de sair de casa. Mais tarde,
naturalmente, quando for homem, quando tiver sua própria casa. Só que aí levará
os pais junto. Pais travessos como os que ele tem precisam ser controlados.
SCLIAR,
Moacyr. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0404200505.htm>
Compreensão do texto:
1) Qual
o assunto da crônica?
2) Antes
de decidir fugir de casa, o que Fábio pensava sobre os pais?
3) No
fim da crônica, depois de voltar para casa, arrependido, a opinião de Fábio muda
em relação aos pais? Justifique sua resposta indicando partes do texto.
4) O
fim da crônica tem algo de inesperado ou surpreendente? Explique sua resposta.
CRÔNICA 2
A
máquina
Morreu uma
tia minha. Ela morava sozinha, não tinha filhos. A família toda foi até lá mum
final de semana, separar e dividir as coisas dela para esvaziar a casa. Móvel,
roupa de cama, louça, quadro, livro, tudo espalhado pelo chão, uma tremenda
confusão.
Foi quando
ouvi meus filhos me chamarem.
- Mãe!
Maiê!
- Faaala.
Eles
apareceram, esbaforidos.
- Mãe. A
gente achou uma coisa incrííível. Se ninguém quiser, essa coisa pode ficar para
a gente? Hein?
- Depende.
Que é?
Eles
falavam juntos, animadíssimos.
- Ééé...uma
máquina, mãe.
- É só uma
máquina meio velha.
- É, mas
funciona, está ótima!
Minha filha
interrompeu o irmão mais novo, dando uma explicação melhor.
- Deixa que
eu falo: é assim, é uma máquina, tipo um... teclado de computador, sabe só o
teclado? Só o lugar que escreve?
- Sei.
- Então.
Essa máquina tem assim, tipo... uma impressora, ligada nesse teclado, mas
assim, ligada direto. Sem fio. Bem, a gente vai, digita, digita...
- Ela ia se
animando, os olhos brilhando.
- ...e a
máquina imprime direto na folha de papel que a gente coloca ali mesmo! É
muuuito legal! Direto, na mesma hora, eu juro!
Ela jurava?
Fiquei muda. Eu que jurava que não sabia o que falar diante dessa explicação de
uma máquina de escrever, dada por uma menina de 12 anos. Ela nem aí comigo.
Continuava.
-
...entendeu como é, ô mãe? A gente, zupt, escreve e imprime, até dá para ver a
impressão tipo na hora, e não precisa essa coisa chatérrima de entrar no
computador, ligaaar, esperar hoooras, entrar no Word, de escrever olhando na
tela e sóóó depois mandar para a impressora, não tem esse monte de máquina
tuuudo ligada uma na outra, não tem que ter até estabilizador, não precisa
comprar cartucho caro, nada, nada, mãe! É muuuito legal. E nem precisa de
colocar na tomada! Funciona sem energia e escreve direto na folha da
impressora!
- Nossa,
filha...
- ...ah,
mas só tem duas coisas que são meio chatas: não dá para trocar a fonte e nem
aumentar a letra, mas não tem problema não. Vem, que a gente vai te mostrar.
Vem...
Eu parei e
olhei, pasma, a máquina velha. Sensacional pensar assim. Eles davam pulinhos de
alegria.
- Mãe. Será
que alguém da família vai querer? Hein? Ah, a gente vai ficar torcendo,
torcendo para ninguém querer para a gente poder levar lá para casa, isso é o
máximo! O máximo!
Bem,
enquanto estou aqui escrevendo nesse meu antiquado “teclado”, ouço de longe o
plec-plec da tal máquina maravilhosa, que, claro, ninguém da família quis, mas
que aqui em casa já deu até briga. Está no meio da nossa sala de estar, em
lugar nobre, rodeada de folhas e folhas de textos “impressos na hora” pelos
meus filhos. Incrível, eles dizem, plec-plec-plec, muito legal essa máquina
mesmo, plec~plec-plec.
Céus. Achei
que tinha acabado, quando a minha filha vem de novo falar comigo, toda decidida
e animada, com um texto recém-escrito (sem ligar nada na tomada) na mão.
- Mãe. Me
ajuda a fazer uma coisa muito legal que eu morro de vontade de fazer?
- O que é?
Ela deu um sorriso,
com um ar sonhador.
- Ah, eu
queria tanto colocar isso dentro de uma carta... no correio, com envelope, selo
colado... nunca fiz isso, mãe... ahhh, me ajuda?
CARVALHO,
Lúcia Disponível em:
<http://www.releituras.com/luciacarvalho-amaquina.asp>
Compreensão do texto:
1) Explique
qual é o assunto da crônica.
2) Como
a filha descreve o que encontraram?
3) Você
teria descrito esse objeto da mesma maneira? Já o viu antes?
4) O
que a mãe pensou e sentiu em relação à reação dos filhos diante do que
encontraram? Explique sua resposta.
5) Por
que ninguém da família quis o que as crianças encontratam?
6) O
que você achou do desejo final da filha? Você já fez o que a garota diz que
gostaria de fazer, no final do texto?
7) Você
achou alguma graça neste texto? Por quê?
Sobre
as duas crônicas:
1)
Observe
os meios em que estes textos circularam, quando publicados.
a)
Em
qual meio foi publicada a crônica 1 – “A volta do filho pródigo”?
b)
Que
outros textos costumam ser publicados nesse meio?
c)
Observe
o texto citado antes de o cronista iniciar a história de “A volta do filho
pródigo”.
I
. A citação lhe parece familiar? Do que se trata?
II
. Qual a relação entre a crônica e a citação?
d)
E
a crônica 2 – “A máquina” – em qual meio foi publicada?
2)
A
crônica é uma narrativa e, como tal, apresenta seus elementos próprios e tem
seu enredo organizado de um modo muito específico: situação inicial, conflito
da história, clímax e situação final.
a)
As
duas crônicas apresentam uma situação inicial, seguida da apresentação de um
conflito? Explique sua resposta.
b)
Como
leitor, qual você acha que é o momento de maior expectativa sobre como a
história poderá acabar, em cada uma das crônicas? Ou seja, que cena representa
o clímax da história?
c)
O
que acontece no final das crônicas que encerra o conflito das histórias?
3)
Você
acha que o modo como os escritores finalizaram as histórias pretendia
surpreender o leitor? Por quê?
4)
Leia
novamente a crônica “A máquina” e responda:
a)
Você
percebeu algo de diferente nas falas da crônica, em relação à escrita das
palavras? Explique.
b)
A
cronista usou esse recurso para produzir que efeito?
c)
Essa
diferença no uso da linguagem acontece no texto todo – tanto na voz do narrador
quanto nos diálogos? Explique.
d)
O
uso da linguagem foi adequado nesse texto, considerando o contexto da situação
vivida pelas personagens?
E.
E. E. F. DAVID CANABARRO
ATIVIDADE:
Aula programada DATA: 07/04/2020
DISCIPLINA:
Língua Portuguesa PROFESSORA: Tania
Mara dos Santos Vargas
PRODUÇÃO
DE TEXTO:
Na aula anterior você leu dois exemplares
de certos tipos de crônica: a história é baseada em fatos cotidianos, tem um conflito
ou problema que muda o rumo da história, um fim surpreendente e pode
trazer um toque de humor ou de emoção.
Hoje vamos exercitar a mudança de foco
narrativo.
1)
Escolha
a crônica que mais lhe agradou: “A volta do filho pródigo” ou “A máquina”.
2)
Você
poderá optar por uma das seguintes possibilidades de mudança de foco, de acordo
com a crônica escolhida:
a)
manter
o mesmo foco narrativo, mas adotar a perspectiva de outra personagem presente
no texto. Por exemplo, você pode optar por selecionar a crônica “A volta do
filho pródigo” e manter o narrador em 3ª pessoa, mas focando o lado dos pais da
história, destacando como sentiam a sua relação com o filho e o que sentiram e
fizeram quando o garoto fugiu. Ou, se selecionar “A máquina”, você pode manter
o narrador em 1ª pessoa, mas escolher um dos filhos para contar a sua versão
dos fatos.
b)
mudar
o foco narrativo – de 1ª para 3ª pessoa ou de 3ª para 1ªpessoa - e fazer as
demais escolhas necessárias.
3)
Ao
proceder a reescrita com mudança de foco, lembre-se de que você terá de recriar
a história, apresentando informações novas sobre o mesmo fato.
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